Qual
o significado da Fé? Como funciona essa devoção em algo que não
se pode ver, tocar, ou sentir fisicamente? A senhora da história a
seguir tem a resposta... Deixo-lhes à vontade com ela e toda sua
simplicidade em seu quarto de asilo bem aqui, em Terror 5.
FÉ
No
quarto de um asilo, o
noticiário da televisão mostra uma ocupação de sem-teto em uma
escola abandonada pelo governo. As imagens do local trouxeram uma
lembrança triste e ver aquelas pessoas nos domínios da escola
abandonada deixaram a pobre senhora espectadora inquieta e
assustada, fazendo-a se levantar da cama e quase pedir por socorro
para ajudar as pessoas. A
enfermeira percebe a
agitação e entra no quarto perguntando o que aconteceu. A senhora
se acalma volta para cama, e fala:
— Há
muito tempo, foi construída uma escola para nossa comunidade, sabe?
É aquela ali do jornal. O prefeito em pessoa foi lá e disse que
essa escola tomaria um quarteirão inteiro, com muita área de lazer
para crianças brincarem nos fins de semana. Com
quadras, piscina, e até umas salas cheias daquelas coisas que
cientista usa, sabe? Logo tratei de matricular minha filha e ela
estudou por muito tempo, até que um dia o nosso pastor da igreja
disse que ali era um lugar ruim, muito ruim…
A
enfermeira foi chamada pelo alto-falante e teve de sair. Volta
com o almoço e a medicação. A televisão já estava desliga, mas a
memória da senhora não.
— Para
que serve esses remédios?
— Para
você não ficar exaltada de novo e vim aqui para ter certeza de que
você vai se alimentar direito e depois tomar os comprimidos. —
disse a moça sentando-se do lado e tirando uma revista para ler.
— Não
acreditei nas palavras do pastor Alan José, de cara — continuou a
senhora sem se importar muito com a falta de atenção da enfermeira
— mas depois de alguns meses com ele pregando sempre que podia
sobre o terreno da escola ser completamente podre e ruim para as
crianças da comunidade, os estudantes e alguns professores começarem
a ficar doente
de repente, vomitando,
sentindo
fraqueza
dentro da sala de aula. Chegaram
a pensar que fosse
dengue ou alguma coisa assim, mas só quem ia pra escola ficava
doente, só quem pisava dentro dos muros ficava ruim.
“O
Pastor Alan José, disse que sabia o que era, mas que nunca
deveríamos perguntar, somente tirar nossas crianças de lá, pois a
terra era tóxica e má. Não consegui tirar minha filha a tempo. Ela
passou muito mal na aula, levaram para enfermaria, ficou no hospital
por uns dias e depois virou um anjinho, sabe?”
A
senhora para um pouco, respira fundo para não chorar. A enfermeira
pensa que a velha dormiu e já se levantando de mansinho da cadeira
quando o monólogo volta de súbito.
— Os
meus irmão da igreja começaram a falar que antes de ser construída
uma escola, lá era um terreno de macumba, onde matava os bicho para
se comunicar com o
“Coisa Ruim”, sabe?
Nunca acreditei, porque o próprio pastor dizia que era mentira,
sabia a origem e não podia contar nunca para ninguém sobre o que
tinha lá naquela terra. Um dia, sem
o Pastor Alan saber, os
próprio irmão pensaram em tacar fogo na escola de madruga para
tirar o demônio de lá de uma vez por todas! Mas quando soube disso,
achei melhor comentar com o Pastor sobre o que estavam querendo fazer
e que estavam fora de controle. Eu fui com ele até a escola e antes
que entrassem com a tocha já acesa, o pastor se jogou na frente
deles e gritou “ESTÁ LOUCO IRMÃO? Como ousa botar fogo numa
escola? NESSA ESCOLA? Não posso permitir isso!”, nessa hora achei
que o Pastor Alan e eu seríamos linchados, “Não nos impeça,
Pastor! Se não vamos achar que você tem pacto com o Satã em
pessoa! Essa escola que você tanto protege tem levado muitos de
nossos filhos Pastor! Sabe o que é perder um filho? É a coisa menos
natural que existe no
mundo!” depois o mesmo homem me olhou nos olhos e me fez sentir ser
a pior pessoa de todas “E você sua traidora e lixo de mãe! Você
está aqui nos dedurando e cuidando daquilo que não é seu, quando
deveria tá lá no hospital orando para sua filha ter uma chance que
o meu garoto não teve!”
A
enfermeira emite um som entre os lábios fingindo interesse enquanto
folheia a revista. A senhora não liga, continua contando sua
história.
— Naquela
hora,
a minha
fé pelo pastor havia mudado, ele se contradisse e
eu não gosto nem um
pouco disso, não senhor.
—Entendo…
— disse já começando a ficar paciência pelo depoimento da
velhota.
“Irmãos
é verdade! Há um demônio ali sugando a vida de nossas crianças e
de todos que trabalham lá, mas me diga meu fiel irmão”, ele disse
pro líder do grupo,
“Me diga, como você matará um demônio vindo do Inferno com fogo?
Isso só irá alimentá-lo, irmão. O fogo é o prato predileto de
Satanás. Tenham fé no Senhor! Voltem para suas casas e vão cuidar
de seus filhos.” Assim que eles se foram, o pastor ficou mais sério
e me chamou enquanto observava o portão de aço pintado de verde
escuro da escola, “Obrigado por ter me avisado, fez a coisa certa.
Sabe o que aconteceria se eles tivessem tacado fogo? Você é mais
inteligente que eles, então não preciso usar a ladainha bíblica
contigo.
Esse
bairro teria ido pelos ares.”. Eu não havia entendido, mas ele se
afastou e me deu um dinheiro para que eu tivesse como comprar alguns
remédios para minha filha.
Outra
página da revista é virada.
— Não
fui aos culto por um tempo, porque
fui muito xingada
e maltratada pelos
outros que estava lá, cheguei a ser agredida com pedrada uma vez!
Mesmo
o Pastor Alan José tentando avisar que era errado. Até que um dia
eu fui lá depois que o culto havia acabado e as pessoas tinham ido
embora, precisava muito falar com o Pastor, minha
filha tinha acabado de partir e ele foi o único amigo que restou, a
vizinhança
toda achava que eu era uma péssima mãe, me culpavam, fofocavam de
mim. Eu amava de todo coração aquela menina e ainda a amo, talvez
ela pudesse ser ótima médica... — a senhora para um pouco a
divagação e recupera o foco — Quando entrei na igreja, eu
ouvi
uma conversa vinda da sala dele com um homem estranho, vestia-se bem,
terno, gravata, falava bonito, mas sua intenção era de
ameaça, dava pra ver de longe isso.
— Meu
companheiro, o que você fez? Nós te pagamos direito, você nos deu
os documentos necessários para a construção naquele terreno. Sabe
como é difícil espalhar um boato? Se você interferir outra vez nos
negócios do prefeito, não pregará mais aqui na Terra, se é que me
entende — falou o homem pro Pastor, ouvi tudo escondida e fugi o
mais rápido que pude.
“Dois
meses depois o pastor sofreu um acidente de carro, e ficou paralítico
para sempre, fechou a
igreja e nunca mais tive notícia dele.
Por isso que estou tão preocupada com o povo que está morando lá
agora, tenho receio de que alguma coisa ruim aconteça com eles.
Aquela terra é maldita!”
Dias
depois a senhora liga a televisão e mais uma vez a escola abandonada
é notícia.
— A
polícia junto com a Vigilância Sanitária estão
fazendo a reintegração de posse nesse exato momento — a doce
velhinha ficou assustada com a brutalidade e com os homens com as
roupas amarelas e máscaras de oxigênio — A polícia está
proibida de disparar bombas de efeito moral, pois, segundo peritos há
fortes emissões de gás metano vindo do solo do terreno o que
provavelmente foi o que causou muitas mortes quando a escola
funcionava anos atrás. Os próprios peritos sugerem que o terreno
poderia ter sido um lixão, onde naturalmente o gás foi produzido,
mas não há registros ou documentos que confirmam os fatos.
E fica a dúvida sobre no que acreditar...
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