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sábado, 18 de janeiro de 2014

Dia de Pagamento

Vou contar uma história sobre um homem cruel e amargo, então prometa não causar uma cena. Essa história se trata de homem com o seu passado lhe perseguindo. Uma dívida não quitada de muito, muito tempo atrás... (Conto COMPLETO)



DIA DE PAGAMENTO

– Ai minha cabeça... Onde eu estou? Por que estou amarrado nesta cadeira, neste quarto de hotel barato?
– Onde você tá camarada, não interessa! Mas o porquê de você estar aqui é simples: são só negócios.
– “Negócios”? Como assim, “negócios”? Quem é você?
– Eu sou um simples cobrador. Hoje é o dia do seu pagamento. – o cobrador se aproxima pega seu revólver e dá uma coronhada na cara do homem amarrado. Ele ainda continua acordado, mas sangrando.
–Desgraçado! Não é possível! Eu não devo nada a ninguém, sou um homem honesto. Me solta! Isso é um engano!
–“Honesto”? Não acho que você seja alguém “honesto”. E pode ter certeza, não é um engano. É hoje que você morre.
A espinha do homem amarrado gela completamente, mas ainda tenta se manter no controle e responde:
– Não, por favor, não.  – e o pouco do controle que tinha sumiu – E... Eu tenho... Eu... Tenho uma família. Seja lá o quanto pagaram para me matar, eu pago o dobro.
O cobrador começa a dar uma risada irônica e insuportável.
– Agora você lembra que tem família? Eu pesquisei o seu passado. Você não passa de um canalha estelionatário que só pensa em si! Realmente você não tem o nome sujo, mas sujou o dos próximos a você, sua bela família por exemplo. E por falar nisso, há quanto tempo você não os vê?
– O que isso tem haver? Han?! Vamos! Diga–me um nome! – o homem amarrado suspira – Eu desisto...
O cobrador usa um soco–inglês novamente no rosto ensanguentado do homem amarrado e começa a falar:
– Bem, deixe–me dar uma notícia de sua família. Eles passaram por muitas dificuldades depois que você se foi embora. O pão que o diabo amassou virou um banquete para eles. Ainda acha que você vale a pena viver?
– Sim. Eu já falei, seja lá o quanto te pagaram, eu pago o dobro, nem precisa me falar quem foi, só me deixe ir embora. – O homem amarrado começa a chorar, suas lágrimas se misturam com o sangue em seu rosto.
– BUÁ! BUÁ! BUÁ! Pode chorar e gritar o quanto quiser. Sua hora tá chegando xará! – o cobrador se abaixa aproximando seu rosto, ficando cara a cara com seu companheiro de quarto – Só me responda uma coisa, se você acertar pode ir.
– P... Po... Pode falar.
– Se você encontrasse seu filho ao acaso, você o reconheceria? Seja sincero. – o cobrador mantém uma voz calma e pacífica, mas ainda medonha.
– Sim! Claro que reconheceria!
– Certeza?
– Absoluta!
– Me desculpe. Resposta errada! Boa noite pai...
– Filho?!


O cobrador mira o revólver e dispara contra o rosto de seu pai. O barulho da explosão da bala se transforma num suspiro de alívio e vingança. Seu trabalho está feito. Acende um cigarro, prepara suas malas, abandona o corpo e vai embora sem rumo, sem destino. Vai até o telefone público, liga para sua mãe e logo após para sua esposa dizendo a elas a mesma coisa, diz o que aconteceu e como aconteceu, não deixando nenhum detalhe para trás. Diz também que seguirá sozinho dali em diante para a polícia não incomodá-las. A reação das duas foram praticamente as mesmas. Uma crise de choro e depois o silêncio do conformismo. Ele teria que fazer isso de um jeito ou de outro. As escolhas foram tomadas. Esse foi o seu destino.

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