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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Gasolina - Parte Final

E estamos aqui na parte final. Onde saberemos exatamente os porquês, onde iremos aparar as pontas soltas e vermos os dois entregadores cumprirem o serviço que foram designados a fazer!



GASOLINA - FINAL



O capuz balança a cabeça dizendo que sim. Atordoamento e desespero fazem com que você concorde com tudo. Levanto calmamente o capuz, e quando pode enxergar o meu rosto, me reconheceu na hora. Gritos e mais gritos de desespero tentaram escapar daquele pano imundo amarrado em sua boca. Aqueles olhos verdes, apesar de um estar inchado e meio roxo, arregalados e ainda assim eu os acho bonitos acredita? Ela sempre foi esperta, e sacou qual seria minha jogada e o motivo de estar lá. Mas eu gosto de brincar no serviço quanto estou empolgado.
– Oh meu amor! O que foi que aconteceu com a gente? Tínhamos aquela gana de sair daquela merda de vida que tínhamos. Vontade de conhecer o mundo. Aceitei a primeira proposta de receber uma boa grana. Me arrisquei todo esse tempo somente pra um único propósito, e o que você faz? Chora se preocupa comigo e dorme com o filho do meu chefe! SUA VAGABUNDA!
Perco a noção de mim mesmo e estico meu braço até o alto e desço com tanta força na cara daquela vaca que aquele pano começou a ficar avermelhado e úmido. Tiro aquela mordaça morrendo de vontade de ver qual foi o estrago que fiz e um dente cai banhado naquele melado. Aquilo foi um prêmio!
– Seu filho da puta! O que deu em você?! Já não estávamos dando certo e você sabe disso! Ficou obcecado que me perdeu e nem reparou. Eu saí daquela merda! Daquela merda de estar com você!
– Vagabunda! Tudo o que eu fiz foi por você! Queria sair desse submundo tanto quanto você! E você saiu ficando com o filho do mais poderoso cara da cidade! Tudo bem, meu amor, eu entendo, você fez do seu jeito. Agora eu farei do meu.
Um largo sorriso escapa do meu rosto enquanto volto pra escuridão e pego a faca, o sal, galão de gasolina e o meu isqueiro deixando-os bem a vista dos dois. Adoro meu trabalho!
– Meu pai vai ficar sabendo! Ah vai! Ele vai!
– Quero mais que se foda seu pai! E mesmo que ele se vingue de sua morte, bom, você não vai estar por aqui pra ver isso meu camarada. Lembro que era assim que você chamava os outros. – não consigo segurar por muito tempo e começo a rir. Rir feito um louco ensandecido, e a piada nem foi tão boa.
Com um sorriso mais largo do que nunca pego a faca e começo a passar levemente no rosto da minha querida “olhos verdes”. Nenhuma palavra, só o meu sorriso e a respiração ofegante de pavor e olhos arregalados vinda daquele rosto pálido em direção à faca.
Faço uns dois cortes superficiais em seu rosto, parecendo escorrer lágrimas de sangue daqueles olhos e ela começou a gritar! Faço mais um ou quatro cortes um pouco mais profundos pelo corpo dela aleatoriamente. Vou para o outro lado e faço a mesma coisa, só que exagero um pouquinho a mais com ele, abro um delicado sorriso naquela boca, faço um desenho qualquer na testa dele, só por diversão e ele grita mais alto feito um porco.
– CALA A BOCA MOCINHA! Tá fazendo feio pra sua garota, pô! Ela nem gritou tanto assim – e dou-lhe com o cabo da faca bem no estomago – ah não! Você se mijou todo? Que feio! Bom, meus amigos. Tá na hora do sal!
Pego o saco de sal e começo a derramar sobre os dois. Agora não dá mais pra saber quem grita mais alto. Essa porra deve realmente arder!
– EI PEGA LEVE AE! E ACELERA ISSO! JÁ TÁ QUASE NA HORA! – meu parceiro de guerra grita do lado de fora do galpão.
Nem havia me tocado de que passou tanto tempo, e nem sei por que ele disse pra pegar leve. Não tem mais ninguém aqui!
– Tudo bem! – eu respondo – Já tô indo! Bom vocês escutaram né? Eu tenho que ir. Uma peninha queria ficar mais, estava me divertindo tanto!
Pego o galão de gasolina e o isqueiro. Dou um beijo na testa da garota como um adeus, um daqueles beijos da morte. Teria sido na boca, mas sei que ela morderia pra arrancar um pedaço. Como se não tivesse arrancado mais nada meu antes. No desgraçado na outra cadeira eu acerto ele com o galão num dos lados da cara. Ele até cospe um pouco de sangue.
Não posso perder mais tempo, começo a derramar a gasolina sobre os dois. Me lembro que deveria ter arrancado os dedos dele, mas agora não tenho tempo. Enquanto derramo escuto ela falando “Eu te amo” e a resposta dele “Eu também te amo, sinto muito!”. Vejo até uma tentativa fútil e medíocre de tentar soltar os braços e segurar na mão do outro. Só me resta a rir!
Faço um rastro com a gasolina até a entrada do galpão e dou um grito chamando a atenção dos dois, mas só ela podia ver o que eu estava fazendo, eu acendo um outro interruptor e o galpão inteiro fica iluminado. Galões e galões de gasolina estão armazenados lá dentro!
– Nenhum legista desse mundo será capaz de reconhecê-los! Seu pai nunca vai te encontrar! – risco o isqueiro próximo ao rastro e espero o fogo até chegar aos dois. Ah gritos e mais gritos!
Não podia ficar mais, aquele lugar iria explodir a qualquer momento. Entrei no veiculo que fez o máximo para ir rápido e não queimar pneus e deixar marcas. Sem testemunhas e sem pistas. Já tenho a grana suficiente pra desaparecer e sair disso tudo! Meu parceiro vai saber dar conta do recado e já tem o álibi perfeito.
           Eu precisava apagar esse fogo dentro de mim e apaguei com gasolina!

4 comentários:

  1. Meus Parabéns são histórias magnificas.

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  2. Passo a me preocupar com suas tendências de insanidade! rs
    Muito foda a história!! *-*

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    1. Hahaha!! Obrigado, eu acho...

      P.S.: O meu psicanalista também diz o mesmo... haha!!

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  3. Incrível! esse conto tem uma profundidade absurda! (:

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